Fonte: INFRAROI
A fabricante mundial de cimento InterCement e a Escola Politécnica da USP acabam de testar uma nova formulação de concreto que é capaz de reduzir pela metade a emissão de dióxido de carbono gerado no processo. Isso ocorre, entre outras coisas, porque a metodologia LEAP, sigla em inglês para concreto de baixa emissão de CO2 e com desempenho avançado, exige menos quantidade de água para sua produção. A nova formulação precisou de 176 litros de água por metro cúbico de concreto, uma redução de 52% em relação aos altos teores convencionais, entre 250-300 litros/m³.
“A produção de concretos com baixo teor de água e, em consequência, com baixo teor de cimento implica o abandono dos paradigmas tradicionais de formulação de concretos”, afirma o Prof. Rafael Pileggi, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP. Segundo ele, é o início de uma era “onde os modernos métodos de caracterização e os dispositivos de controle tecnológico deixam de ser custo e se transformam em benefícios econômicos e ambientais para os concretos.”
Para desenvolver o novo concreto, a Escola Politécnica da USP usou a estrutura fabril da cimenteira e aplicou o concreto produzido nas fundações do edifício sede do Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS) do seu Departamento de Engenharia de Construção Civil, dentro da USP.
“A aplicação demonstra a viabilidade de produção de concreto LEAP em escala industrial, utilizando centrais de concreto convencionais com mistura em caminhão betoneira”, diz Carlos José Massucato, diretor de desenvolvimento técnico e relações institucionais da InterCement. Massucato acrescenta que “a empresa continua investindo em programa de pesquisa e desenvolvimento voltado para a redução de seu impacto ambiental”.
Além de InterCement e USP, participaram desta fase de testes as empresas Tuper, ArcelorMittal, Tarjab e Lafaete. As estacas de fundação às quais se acoplaram os sistemas de geração de energia geotérmica limpa foram desenvolvidas como parte de um projeto entre a USP e a Tuper. As armaduras da fundação foram entregues já montadas pela ArcelorMittal. A Tarjab e a Lafaete realizaram a montagem industrializada do canteiro.
Segundo o Prof. Vanderley John, da coordenação do CICS USP, “o sucesso da primeira aplicação industrial, utilizando equipamentos e produtos disponíveis no mercado de um país emergente, deverá consolidar a tecnologia como uma opção confiável e escalável para mitigar CO2 na cadeia do cimento”. Nas próximas etapas da obra, blocos de fundação e de estruturas de concreto pré-moldado também empregarão concretos LEAP.